Sistema de Inteligência Fiscal


A área tributária das organizações é tida como uma área operacional, mas a evolução da questão fiscal no Brasil mostra que esta é mais uma questão estratégica para dirigentes do que simplesmente escriturações fiscais. A situação fiscal das empresas no Brasil demonstram que praticamente 90% das empresas tem algum tipo de pendência com o Fisco, apresentando assim a problemática da má condução da atividade tributária na organização.

Constantemente a mídia divulga informações referente a questão fiscal nas organizações impulsionadas pela, lenta, reforma tributária, tão sonhada por sinal. E percebemos que estas informações são de caráter adversos para as empresas. Neste período, para se ter uma idéia, mais de 20.000 empresas estão sendo autuadas pela Receita Federal por uma série de erros e débitos junto ao sistema do Fisco. Estas autuações prejudicam o dia-a-dia da organização, pois paralisam todo o funcionamento tributário da empresa, principalmente nas que estão em processo de concorrência.

O acompanhamento da situação fiscal da organização, deve ser uma forma de desenvolver processos estratégicos do planejamento fiscal, com o intuito de minimizar o impacto fiscal no caixa da empresa. Este impacto pode ser revisto em função da melhor utilização das informações fiscais produzidas interna e externamente pela empresa. Neste sentido de acompanhar o monitorar a situação fiscal, favorece a empresa no encontro de oportunidades e redução de adversidades por parte do Fisco.

Mas diante desse cenário complexo da globalização da informação e das novas tecnologias de controle fiscal, e também, do crescente recrudescimento das organizações criminosas frente ao SPED, o governo federal instituiu o Sistema de Inteligência Fiscal através do Protocolo ICMS nº 66, de 03.07.2009 – DOU 1 de 15.07.2009. Esse protocolo cria unidades especializadas na detecção, investigação e combate às fraudes fiscais estruturadas e outros ilícitos correlatos.

Na busca da plena eficácia, as Unidades de Inteligência Fiscal (UnIF), instituídas na estrutura dos órgãos fazendários, devem atuar em rede, balizadas por doutrina única e específica, através de sistema integrado, que permita um fluxo permanente de dados e conhecimentos no âmbito das Administrações Tributárias, mantendo estreito relacionamento com outros órgãos de Inteligência das diversas esferas do Poder Público, no chamado Sistema de Inteligência Fiscal (SIF).

Para evitar surpresas desagradáveis o empresário deve manter sob controle os sistemas internos de operações fiscais e financeiros através de um saneamento cadastral eficaz, intensificando a fiscalização entre os documentos que circulam internamente e que estarão disponíveis para a Receita e suas unidades fiscais. Evite autuações e fiscalizações, trabalhar com informações corretas e atualizadas garantem a qualidade tributária da organização, quem tem conhecimento fiscal sabe disso. Não deixe que os recursos de seu caixa sejam transferidos diretamente para o fisco.

Leia na íntegra o Protocolo do ICMS que cria o Sistema de Inteligência Fiscal (SIF).

Devedor Solidário

Diante da complexidade do ambiente fiscal, duas questões importantes estão sendo muito pouco discutidas na nova Era da Informação Fiscal: a consulta cadastral e o saneamento de dados.

A realidade do cadastro das empresas brasileiras é problemática, justamente pela falta de saneamento e atualizações dos dados em bases públicas de consulta. “Infelizmente o que importa hoje para algumas empresas é que a mercadoria ou serviço cheguem ao cliente e a fatura no endereço certo”, comenta Sérgio Di Pierro, gerente de negócios da SIM>Consultas. Mas a realidade fiscal atualmente é mais complexa e esse descuido pode gerar transtornos para as empresas. Segundo a pesquisa divulgada pela consultoria fiscal IOB, na qual foram ouvidas 405 corporações brasileiras com faturamento entre R$ 3 milhões e R$ 7 bilhões, 83% dos entrevistados cometeram algum equívoco nestas áreas em 2007, sendo que 56% realizaram transações com fornecedores ou clientes inabilitados pelo governo.

Hoje as exigências aumentaram e, além de atender as antigas questões legais como o Código Tributário Nacional, IN RFB no.748 (CNPJ) e a Legislação ICMS estadual, as empresas também devem se adequar ao ambiente Fiscal do Sped que inclui SPED Fiscal e Contábil, a Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) e o Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e).

Com a rede de comercialização das empresas vigiada em todos os níveis (financeira, fiscal, e contábil), um fato tem ganhado destaque nos processos de autuação pelo fisco, que é a figura do devedor solidário, descrita na legislação do Código Tributário Nacional – Lei n° 5.172, artigos 124, 134 e 135. Isto acontece quando empresas mantêm relações com contribuintes inaptos e, dependendo da avaliação, a empresa pode ser qualificada como co-participante (devedor solidário) ou até mesmo ser responsável direta.

Em 2008, uma grande empresa do setor da construção civil foi autuada por se encaixar no perfil de devedora solidária em uma transação comercial. A empresa em questão foi autuada, pagando parte da multa, por receber mercadorias de outra que estava inabilitada no cadastro de ICMS do Rio de Janeiro.

Vale lembrar que além do Código Tributário Nacional, que também possui instrumentos legais punitivos, cada estado possui uma legislação específica para o ICMS. Um exemplo no Nordeste ilustra bem o caso. Uma empresa no Sergipe emitia notas fiscais para uma outra na Bahia, esta última inabilitada segundo informações da SEFAZ-SE. Nesse caso o auto de infração foi confirmado pela Primeira Câmara de Recursos Fiscais do Sergipe baseado no artigo 72, inciso I, alínea “c”, da Lei n. º 3.796 de 26 de dezembro de 1996, onde a empresa que emitiu as notas fiscais foi obrigada a pagar 50% do valor devido pela empresa infratora e devolver o crédito com correção e juros.

Comparado ao faturamento anual dessa empresa, que atua há 94 anos no mercado de tecidos, uma multa de 60 mil reais pode ser pouco, mas soma-se ai o volume de negócios, a infinidade de fornecedores, parceiros comerciais e uma consulta cadastral ineficiente para que esse bolo aumente exponencialmente. Além do prejuízo material a empresa pode ter problemas com a sua reputação no mercado onde atua já que o acesso a processos e autuações de empresas pelo fisco também são de consulta pública.

Di Pierro faz uma comparação simples e eficiente. “Antigamente éramos multados pelo guarda rodoviário quando ele nos pegasse, com a implantação dos radares nas estradas passamos a receber a multa em nossa casa”. O SPED se tornou um radar da Receita Federal, onde ela pode apenas emitir a notificação da multa, sem a presença do fiscal. “Apesar das exigências serem muito grandes, quase como uma mudança cultural dentro das empresas, a realidade da digitalização pode aplicar sanções quase que imediatas, dificultando trabalhos rotineiros, operacionais e interferindo em seu faturamento”, completa Di Pierro.

Reportagem e Edição de Renato Couceiro.

Receita prorroga escrituração digital para empresas

A exigência de apresentar a escrituração digital inicialmente vale para o grupo de 10 mil grandes empresas que têm acompanhamento especial e pagam o Imposto de Renda pela sistemática de lucro real. Com a mudança de prazo, essas empresas terão que utilizar a escrituração digital da Cofins e PIS para fatos gerados ocorridos a partir de 1º de abril de 2011. O prazo anterior era de 1º de janeiro. Segundo a assessoria da Receita, a mudança atende pedido das empresas para terem mais tempo de adaptação às novas regras.

O prazo de exigência para as demais empresas que pagam pelo lucro real foi mantido em 1º de julho de 2011. Para as empresas que pagam o IR com base no Lucro Presumido ou Arbitrado, o prazo de início permaneceu em 1º de janeiro de 2012.

A Receita facultou a entrega para as demais empresas. A Escrituração Fiscal Digital (EPD-PIS/Cofins) será transmitida mensalmente ao Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) até o 5º dia útil do segundo mês subsequente à escrituração. A empresa que não cumprir a exigência dentro do prazo estará sujeita a multa no valor de R$ 5 mil por mês – calendário ou fração. Entre as vantagens da escrituração digital, a Receita aponta a redução de custos com a dispensa de emissão e armazenamento de documentos em papel, eliminação do papel e maior rapidez no acesso às informações.

O uso da escrituração digital já é exigido para o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). A escrituração digital permite um maior controle do Fisco, porque facilita o cruzamento de dados apresentados pelas empresas.

Agência Estado

A importância do Saneamento Cadastral

Milhares de empresas brasileiras – como a metalúrgica Termomecânica – enfrentam uma verdadeira maratona para se adaptar ao Sped, o novo sistema eletrônico da Receita.

A empresa Termomecênica tem atualmente um andar inteiro, de 600 metros quadrados, exclusivamente usado para abrigar pilhas e mais pilhas de papel. São documentos que têm de permanecer guardados, por períodos de cinco a 20 anos, à disposição de fiscais federais, estaduais e municipais. Guardar essa montanha de papel é uma das fases finais – e mais simples – do trabalho executado pelos funcionários das áreas contábil e fiscal da Termomecânica, metalúrgica de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, com faturamento de 1 bilhão de reais ao ano e 2 000 empregados. Calcular corretamente o valor dos impostos de cada operação comercial é tarefa para poucos no Brasil. Um mesmo produto, vendido a clientes diferentes, geralmente resulta em valores diferentes do imposto a ser pago – consequência da confusão tributária de um dos mais caóticos sistemas do mundo, com suas 5 000 leis a reger 88 tributos.

Nos últimos dez meses, porém, a maratona para estar em dia com o Fisco tornou-se especialmente estafante. Além da rotina infindável e cheia de detalhes de quem trabalha na área tributária, os funcionários da Termomecânica estão correndo contra o tempo para atender a uma nova exigência da Receita Federal. Em junho, a empresa tem de estar pronta para começar a operar com o Sped, sigla para Sistema Público de Escrituração Digital. O sistema, que vem sendo gestado pela Receita há mais de quatro anos, embute a promessa de simplificar a burocracia tributária graças à digitalização das informações trocadas entre empresas e Receita. Em vez de emitir notas fiscais em papel, os contribuintes convocados a aderir ao Sped trabalham com notas eletrônicas, que não têm mais de ser impressas em quatro vias e armazenadas por cinco anos para uma eventual fiscalização. Na prática, todas as notas e demais documentos fiscais e contábeis se transformarão, aos poucos, em arquivos digitais, que ficarão guardados dentro dos computadores da Receita – não mais no andar de 600 metros quadrados na sede da Termomecânica. No ano passado, a empresa imprimiu 89 livros fiscais e contábeis, com cerca de 500 folhas cada um. Neste ano, não precisará mais fazê-lo, nem levar parte deles à Junta Comercial ou ao cartório para que tenham a primeira e a última páginas autenticadas.

Mas a transição para o mundo digital não é nada trivial. Por um motivo simples – não houve nenhuma mudança em termos de modernização ou simplificação da legislação para acompanhar o novo sistema. O Sped apenas informatiza o emaranhado de regras existentes no país. Até agora, a equipe formada por nove funcionários das áreas contábil, fiscal e de tecnologia da informação da Termomecânica teve de criar 30 novos programas de computador para que os sistemas da empresa consigam se comunicar com o da Receita. Várias transações esporádicas realizadas pela empresa, que não faziam parte do ERP, o sistema de gestão da companhia, tiveram de ser automatizadas.

Outra fonte de trabalho dentro da Termomecânica foi o mapeamento das novas informações exigidas pelo Sped. Ele aumenta – e muito – o número de informações exigidas das empresas. Um levantamento da auditoria e consultoria Ernst & Young mostra que o conjunto de documentos e toda sorte de declarações fiscais e contábeis exigidos dos contribuintes somavam, em média, 350 tipos de informação. Com o Sped, esse número sobe para 1 300. Na Termomecânica, ele chegou a 1 545. São informações sobre tudo o que a empresa compra, vende, de quem compra, para quem vende, quanto recebe, quanto paga, o que guarda em estoque e quanto paga de impostos. Para chegar a esse número, a equipe responsável pelo trabalho teve de estudar 199 registros – espécies de formulários eletrônicos que a Termomecânica é obrigada a enviar ao Sped. Esse trabalho de formiguinha é fundamental porque o Sped opera com formulários eletrônicos padronizados e, portanto, não aceita nada fora do lugar nem campos em branco. No caso do preenchimento do endereço de um cliente, o sistema não aceita nem mesmo que o nome da rua e o número do imóvel sejam preenchidos no mesmo campo. Tudo tem de estar exatamente no espaço correto. Só o arquivo com as informações contábeis de um ano de operação da Termomecânica terá 7 milhões de linhas preenchidas – e nada pode sair errado. Esse tipo de exigência, aparentemente absurda, visa eliminar erros que acabam gerando fiscalizações futuras e, portanto, trabalho para os fiscais da Receita e também para os funcionários das empresas.

Para completar, a empresa é responsável não apenas por suas informações mas também pelas de seus parceiros, tendo de enviar mensalmente ao Fisco um relatório com todas as alterações de nome e endereço de seus clientes e fornecedores. Não foi à toa que a primeira etapa do projeto se transformou em uma verdadeira faxina cadastral. A Termomecância teve de revisar minuciosamente as informações de todos os 5 000 clientes e fornecedores com os quais negocia. Essas informações são cruciais para que a empresa consiga emitir a nota fiscal eletrônica e, assim, possa operar normalmente. Antes de autorizar a nota online, o Sped captura as informações sobre o produto, seu preço e quem irá comprá-lo. Eis o principal objetivo do sistema: aumentar, ao máximo, o repertório de informações a respeito dos contribuintes e, consequentemente, reduzir a sonegação. A redução da informalidade é a grande expectativa das empresas que apoiam a iniciativa da Receita. “O Sped permite que possamos armazenar e cruzar as informações prestadas por empresas que negociam entre si. Vai ficar mais difícil burlar a lei”, afirma Carlos Sussumu Oda, supervisor-geral do Sped na Receita Federal. É essa a expectativa da equipe da Termomecânica. “Mas a redução na informalidade só virá quando um grande número de empresas for obrigado a utilizá-lo”, afirma Alcir de Paulo Ambrosio, gerente de informática da empresa e responsável pela adequação dos sistemas da companhia ao Sped. A Termomecânica e suas concorrentes começarão a emitir notas fiscais eletrônicas em setembro – a metalúrgica emite cerca de 72 000 notas ao ano. Boa parte da matéria-prima utilizada pela empresa – que fabrica, entre outros produtos, tubos de cobre e laminados de cobre, bronze e latão – é sucata, obtida de empresas de um segmento altamente informal no país.

Alguns setores tiveram de se adaptar ao Sped há mais tempo e já colhem resultados positivos no combate à informalidade. É o caso dos distribuidores de medicamentos, que começaram a emitir notas fiscais eletrônicas em 2008. O crescimento de 20% do faturamento das grandes redes de farmácias em 2008 – ante à média de 12% do varejo do setor – é atribuído em larga medida à nota fiscal eletrônica. “O sistema já está beneficiando as empresas sérias e penalizando quem descumpre as leis”, afirma José Roberto Fagundes, diretor financeiro da rede Drogaria São Paulo. “Muitos pequenos comerciantes passaram a pagar imposto ao saber que podem ser pegos pelo Fisco por causa das informações prestadas pelos atacadistas e distribuidores”, diz Sérgio Mena Barreto, presidente da Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias. “Com isso, eles perderam a vantagem do preço baixo.” Se um resultado semelhante for observado nos demais setores que estão agora aderindo ao Sped, a maratona para se adequar ao novo sistema poderá, ao fim, ter valido a pena.

Por Roberta Paduan – 14.05.2009 – Revista EXAME

Saneando ideias

Como surgiu a necessidade da criação do software de saneamento no modelo atual para a SIM>Consultas e como você passou a fazer parte da empresa?

Aconteceu no final de 2008 num bate papo com o Sergio Tosta, Diretor Executivo da SIM>Consultas, com uma oportunidade de negócio para a estruturação dos endereços nas empresas de uma forma especial. Consegui fazer e o Sérgio gostou muito, porque resolveram questões cruciais para o fortalecimento da SIM>Consultas.

Depois disso eles me pediram para ajudar na criação de um novo software que realizaria a comparação de dados. Eu aceitei, criamos esse produto, e depois dos resultados gerados eles me questionaram se eu não queria fazer parte da empresa. Eu sempre enxerguei a SIM>Consultas como uma empresa de futuro promissor, e me interessou muito. Nós negociamos a parte de investimentos e uma das premissas foi uma mudança da estruturação técnica, isso aconteceu rapidamente e conseguimos evoluir e nos preparar para os grandes volumes que atendemos atualmente.
Hoje estamos trabalhando tanto para estruturar a base técnica, a parte física da empresa, como a parte de software e organização de condução de processos. De lá pra cá nós implementamos um algorítimo para detecção fonética*, muito inovador em tecnologia para a empresa e que já trouxe grandes resultados operacionais.

Como funciona o processo de saneamento de dados de uma empresa?

Para você sanear um endereço, o primeiro passo é reestruturar as informações, sem fazer isso você não consegue saber se os dados estão certos ou errados. O saneamento é composto de limpeza, que seria a eliminação de todos os caracteres especiais, isto é, que fogem do padrão de armazenamento de informações (como dois pontos, c cedilha, acentos, e outros) e ainda tirando os espaços duplos e colocando tudo em caixa alta. Feito isso, com o cadastro do cliente, eu aplico um dicionário que pode ser personalizado. Por exemplo, o cliente gostaria que a palavra Padre surgisse abreviada no cadastro como PDE. Apesar do dicionário corrigí-la automaticamente, podemos personalizá-la do jeito que o cliente quiser.

Com os dados saneados partimos para o processo de comparação. Nessa fase eu comparo o nome ou razão social da empresa com os dados disponíveis na Receita Federal identificando o que está 100% correto (idêntico), o que está correto (precisando de pequenos ajustes), o que está com informações duvidosas ou erradas (neste caso aconselhamos que a empresa substitua o cadastro pelo da Receita) e quais cadastros estão totalmente errados, ou não conferem com a Receita Federal. Neste último caso, não temos os dados para comparação, significando que a empresa está inativa ou com problemas fiscais. Mesmo assim, devolvemos o cadastro ao cliente explicando porque ele não foi saneado e respondendo pelos ajustes que fizemos.

“Um algoritmo para detecção fonética é um software capaz de detectar o índice de similaridade entre palavras, fazendo com que o processo de comparação entre os dados da Receita Federal e do cliente fiquem otimizados.”

Qual é a margem de erro do software?

Hoje não existe erro. Por exemplo, nós trabalhamos com bases muito volumosas, a pessoa responsável pelas operações é muito criteriosa, então, em todo o processamento nós fazemos uma amostragem de análise para perceber se existe ali alguma falha ou se algum problema pode acontecer. Na verdade, até hoje, nós não tivemos nenhum erro ou um caso que poderia iniciar um percentual de erro. Estamos a 100% no saneamento.

Mas como esses dados retornam para o cliente?

Nós devolvemos os dados de várias formas, uma delas é importada pelo cliente diretamente por seu banco de dados, onde é automaticamente atualizada. Uma outra forma é ele analisar campo a campo cada informação que nós enviamos como certa ou errada. Dessa forma todo nosso questionamento é resolvido pelo retorno de nossos dados higienizados. Para o cliente é muito vantajoso porque elimino o trabalho de pesquisa, de higiene, de comparação (com as bases de dados públicas), e a novidade em tudo isso é nosso trabalho junto ao CEP.

Como funciona essa atualização junto ao CEP?

Com o CEP do cliente, vou até o CEP BRASIL comparar os dados e verifico se estão exatamente iguais, ou estão próximos. É o mesmo tratamento fonético com a base de dados do cliente no processo de comparação.

Existem serviços mais especializados dentre os serviços fornecidos pela SIM»Consultas?

Tem clientes que contratam outros serviços que nós chamamos de auditoria. Por exemplo, uma empresa tem 200 CNPJs e todos são clientes muito importantes, mas o produto que essa empresa vende jamais poderá ser comercializado para um cliente que estiver irregular. Nesse caso a empresa estaria realizando uma operação ilícita e seria corresponsável na transação comercial.

Nesse caso a auditoria se encaixa perfeitamente porque realizaremos pesquisas diárias, semanais ou mensais identificando automaticamente qualquer problema ou alteração de cadastro. Na nota que envio ao cliente eu ilustro exatamente o que mudou de um registro para o outro. É um processo muito complexo e meticuloso devido aos diversos clientes e registros de pesquisas que temos armazenados.

“Vai ser difícil a mudança para as empresas, principalmente na contabilidade. É uma mudança de paradigma, uma mudança cultural.”

Por que trabalhar em parceira é tão importante?

Uma parceria normalmente você faz para aumentar seu braço, não para concorrer com você. A parceira acontece sempre quando você quer aumentar negócios, agregando valores ao seu produto, potencializando seu poder de mercado e atendendo melhor determinados clientes. As pequenas empresas só conseguem crescer se estiverem juntas, não dá para brigar com determinados grupos empresariais que diferente de uma parceira, passam a absorver a concorrência.

O que acha do SPED e da NF-E, acha que essas medidas do governo para fiscalizar as empresas irão gerar resultados?

Sim, para as pequenas e médias empresas que trabalham legalmente e que não terão grandes investimentos para colocar as normas do SPED em prática, vejo um cenário fantástico de crescimento. Para as grandes empresas visualizo que elas ficarão mais fortes devido a diminuição do mercado informal. No mercado atacadista, por exemplo, existem empresas que não conseguem vender para uma determinada região do país, isso porque algumas pessoas vendem produtos sem nota fiscal, comprados numa promoção qualquer e sem garantia.

Você acredita no fim da informalidade?

Não, mas vai diminuir muito. Pense comigo, se uma pequena empresa que sonega impostos começar a ter uma movimentação razoável e sua conta bancária demonstrar um balanço desigual ao seu faturamento, com essas novas medidas a fiscalização chega em ambos os processos. O que o governo quer é acabar com a informalidade e as empresas que não emitem nota fiscal.

Eu particularmente acho que deveria ser tudo correto. Porque se todos nós trabalharmos dentro das regras, dentro da legislação trabalhista, a concorrência seria mais leal. A SIM»Consultas prefere concorrer com uma empresa de software que paga hora extra para os funcionários, que tem plano de carreira, que aumenta o salário deles e que legaliza seus softwares.

“O que o governo quer é acabar com a informalidade das empresas que não emitem nota fiscal”

Por que acha que as empresas sonegam impostos?

Sabe aquela história em que você é tentado para o mal, experimenta e gosta, é isso que acontece. Imagina que para você receber os seus honorários descubra uma maneira de não pagar os impostos e com isso dobraria a sua renda. Dificilmente depois de um certo tempo você voltaria a situação em que se encontrava antes.

É muito discutido no Brasil a questão do retorno dos investimentos. Quando pagamos impostos esperamos saúde de qualidade e uma educação que garanta acesso ao trabalho. Como vê essa questão?

Mas se todos fizessem a sua parte teriam argumento para reclamar e isso também não acontece. Quem sonega não vai reclamar da saúde e da educação do país. Eu não sei se a pessoa que mais levanta a bandeira, criticando o governo, é a mais honesta. Na verdade todo mundo levanta a bandeira da injustiça e vive dando um jeitinho pra fazer as coisas.

Já ouviu falar em empresas que descobriram meios de fugir da fiscalização nessa nova era da Informação Fiscal?

Sim, já ouvi falar. Mas não se preocupe, na informática o bem e o mal trabalham juntos. Mesmo assim acredito que o controle vai funcionar porque o risco será muito grande. Ao invés de investirem para o mal as empresas irão investir para o bem. Quando ninguém estava fiscalizando seria um tremendo azar o fisco reclamar seus direitos. Agora, com essas medidas, se uma empresa deixar qualquer vestígio, por menor que seja, rapidamente será autuada.

“A SIM»Consultas prefere concorrer com empresas que pagam hora extra aos seus funcionários, que tem plano de carreira e que legalizam seus softwares.”

Como acha que as empresas estão enfrentando essas mudanças?

Acho que vai ser difícil, principalmente na contabilidade das empresas. É uma mudança de paradigma, uma mudança cultural. Se você analisar uma empresa de contabilidade hoje, o controle manual ainda faz parte do sistema de trabalho. Eles ainda desconfiam de um sistema automatizado porque acreditam na perda de controle da informação, e isso não vai acontecer. O que vai mudar é a forma de gerir e administrar os dados.

Quais são as metas da SIM>Consultas para os próximos anos?

O que eu visualizo no comercial da SIM>Consultas é que esse ano iremos crescer 300% e depois crescer ainda mais. Se hoje temos cinco pessoas na operação, ainda esse ano devemos dobrar duas ou três vezes. Estamos com uma demanda muito grande de trabalho. Para a Oráculo a demanda ainda virá da CTE (Conhecimento de Transporte Eletrônico) que é um projeto que ainda estamos colocando em operação. Para a SIM>Consultas a demanda já existe com a NF-E e o SPED.

Reportagem e Fotografia de Renato Couceiro,  da Parlare Comunicação Integrada.